Esse vai ser um post diferente... ele não vem com dicas ou receitas, não é destinado às mamães ou possíveis clientes, nem tem a ver com o meu trabalho (coisa rara!).
É uma carta aberta para quem precisar de um abraço, ainda que seja virtual.
No começo deste ano (2023), precisamente no dia 18 de janeiro, recebemos a pior notícia que um filho pode receber: minha mãe estava com câncer. No momento em que eu ouvi aquelas palavras, eu senti um buraco se abrir debaixo dos meus pés e dali em diante eu me senti em queda livre, da qual eu sinceramente não tenho certeza se cheguei a aterrissar. E quem já passou por isso vai me entender, mas o tempo simplesmente congelou.
Sim, o mesmo tempo que eu sempre disse que passava muito rápido, de repente passou a se arrastar numa lentidão cruel entre uma consulta e outra. E engraçado que tudo aconteceu muito rápido... não faz o menor sentido.
Do dia 18 de janeiro, quando descobrimos tudo, até o dia 26 de abril, sua última sessão de quimioterapia - e também aniversário do meu pai - eu vivi por ela. Fiz o melhor que eu pude para que ela passasse por essa terrível provação com o maior conforto e leveza possível. Lavei sua roupa, fiz sua comida, a acompanhei em todas as consultas e sessões de quimio, sem falar nas incontáveis orações.
Mas, dadas as devidas proporções, sabe o que foi mais difícil? Voltar a viver a minha vida! Sim, o tratamento dela foi um processo muito cansativo e eu sentia falta de trabalhar, estudar e fazer as minhas coisas, mas eu me vi completamente perdida quando ela voltou pra casa dela. Eu ainda me sinto culpada quando saio para trabalhar, quando ela tem que almoçar ou jantar sozinha, eu me preocupo se ela está sentindo frio ou se está se sentindo bem, tenho medo de que ela se esqueça de tomar algum remédio... Logo eu que sempre fui tão desligada, agora não passo uma hora do dia sequer sem pensar nela.
E eu acho que vai ser sempre assim. Enquanto Deus permitir que a presença da minha mãe nesse mundão, uma parte de mim sempre estará com ela. Eu nunca mais vou voltar a ser a Mayara do dia 17 de janeiro. Sou outra agora, mais madura, mais forte, mais resiliente, mais carinhosa... vou me redescobrindo dia após dia.
E para você que chegou até aqui, eu quero dizer uma coisa: tudo acontece por um motivo, tudo tem o seu tempo e tudo passa! Não perca o seu valioso tempo tentando entender tudo, se rebelando com o que está acontecendo ou se sentindo mal. Agradeça o que você tem, peça por sabedoria e serenidade para passar pelos maus momentos e celebre os bons! De um dia para o outro as coisas podem mudar.
Um abraço!
Mayara.